A sessão desta quinta-feira no Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte não apenas reafirmou a higidez do conjunto probatório produzido pelo Ministério Público Eleitoral; ela recolocou, no centro do debate público, uma verdade incômoda e há muito percebida por quem acompanhou a disputa municipal de 2024: a campanha em Natal não se travou em condições simétricas. Enquanto Natália Bonavides sustentava seu projeto político na mobilização cidadã, no engajamento social e na defesa de pautas historicamente vinculadas à ética republicana, o grupo adversário beneficiou-se de um aparato estatal que, segundo as evidências já analisadas, foi instrumentalizado para fins eleitorais.
A decisão do TRE não é um gesto isolado de técnica processual. É o reconhecimento de que o desequilíbrio democrático não se corrige com retórica, mas com a aplicação rigorosa do Direito. Ao validar gravações ambientais realizadas em ambientes públicos, ao rejeitar alegações artificiais de pescaria probatória, ao afastar dúvidas sobre cadeia de custódia e ao reafirmar a individualização das condutas, a Corte não apenas fortaleceu o processo: ela expôs, com clareza, a densidade das acusações que recaem sobre a chapa eleita.
Esse quadro contrasta profundamente com a atuação de Natália Bonavides, cuja trajetória política tem sido marcada, em nível nacional e local, pela defesa intransigente da legalidade, da transparência e da participação popular. Enquanto a investigação revela uma teia de pressões, coações e utilização indevida de estruturas administrativas para engajamento eleitoral compulsório, Natália se apresentou ao eleitor potiguar com um projeto de cidade que dispensa o uso deformado do poder público e se sustenta em legitimidade social genuína. Não é surpresa, portanto, que sua votação tenha refletido um fenômeno político orgânico, que ultrapassou partidos e assumiu contornos de reorganização cívica.
É nesse contraste que o julgamento do TRE ganha maior relevância. Não se trata apenas de apurar fatos passados, mas de corrigir um processo eleitoral cuja integridade foi comprometida por agentes que confundiram autoridade administrativa com capital eleitoral. A democracia, para existir plenamente, exige que todas as candidaturas disputem o pleito em condições equivalentes, princípio que, em Natal, foi estruturalmente violado. Ignorar isso seria aceitar que o poder público se converta em instrumento privado de perpetuação de grupos políticos tradicionais, em prejuízo de candidaturas que operam dentro dos marcos republicanos.
A eventual realização de novas eleições, embora desafiadora em meio à crise fiscal profunda que assola o município, não pode ser analisada sob a ótica estreita da conveniência administrativa. Natal enfrenta hoje os efeitos cumulativos de anos de desorganização financeira, agravados por uma gestão que dobrou a dívida consolidada e reteve pagamentos essenciais. É paradoxal que os mesmos atores políticos que contribuíram para esse quadro se apresentem agora como defensores da “estabilidade institucional”. Estabilidade que, em verdade, jamais promoveram.
Restituir a legitimidade democrática à capital potiguar é componente essencial da reconstrução fiscal. A crise financeira não é apenas produto de más escolhas administrativas, mas também de um modelo político que tratou o orçamento municipal como extensão de interesses de grupo. Nesse contexto, a chegada de um projeto político estruturado na ética pública, na redistribuição de prioridades e no compromisso com uma cidade real, e não fictícia, pode representar não só uma necessidade democrática, mas também uma oportunidade de recuperação institucional.
A decisão do TRE insere Natal em um momento de rara transparência: o momento em que se torna impossível continuar confundindo eficiência administrativa com manutenção de poder. A ruptura democrática de 2024 precisa ser corrigida, sob pena de perpetuar um ciclo de degradação institucional. E, nesse cenário, é evidente que Natália Bonavides desponta como a liderança capaz de reorientar o eixo político da cidade, não por conveniência partidária, mas por coerência histórica e legitimidade moral.
Quando a Justiça Eleitoral avança sobre estruturas de abuso, ela não apenas define um processo; ela redefine o ambiente democrático. E, se esse ambiente for reconstruído, Natal terá a chance de escolher seu futuro sem a sombra da máquina pública sobre o eleitorado, chance que, tudo indica, favorecerá quem disputou o pleito com integridade, coragem e respeito à cidadania.


